sábado, 22 de novembro de 2014

Porque professores e funcionários vão paralisar dia 26?


No próximo dia 26 de novembro professores e funcionários da rede estadual de educação paralisarão suas atividades e realizarão atos em Curitiba e todo o estado. Neste dia deveriam ocorrer eleições para a escolha de diretores nas mais de duas mil escolas do Paraná.
As eleições foram sumariamente canceladas pelo governo do estado, sem nenhum debate com a comunidade escolar, e nem na Assembleia Legislativa (ALEP), onde a base aliada se valeu do artificio da “comissão geral” para suprimir qualquer possibilidade de debate e aprovar o cancelamento das eleições em tempo record.
Tivemos ainda o lamentável caso, onde o presidente da ALEP Valdir Rossoni, ordenou que os seguranças retirassem da casa professores e funcionários que protestavam contra a aprovação do projeto, o que gerou agressões dos seguranças a vários professores e funcionários. Após o ocorrido Rossoni ainda afirmou que os agressores não só não seriam investigados, como mereciam um condecoração pelas agressões.

Todos estes fatos recentes parecem trazer inumeras justificativas para a paralização do próximo dia 26 de novembro, porém não são nem de longe os únicos motivos que levarão milhares de trabalhadores da educação a suspenderem suas atividades.
Os educadores vão as ruas também, por pautas economicas, os milhares de trabalhadores que deveriam ter recebido suas promoções e progressões nos meses de agosto e outubro deste mês ainda não receberam e o governo Richa alega que não há previsão para tal pagamento. Apesar do que alega o governo, o Paraná não cumpre integralmente a lei do Piso Nacional do Profissional do Magistério. Os funcionários não tem ganhos reais em seus salários desde que Richa assumiu o governo, sem contar que um funcionário recebe metade do auxilio transporte de um professor.
As condições de trabalho também levarão os educadores as ruas, os profissionais da educação estão entre as categorias com maior numero de afastamentos por problemas de saúde, e isso está diretamente relacionados as condições de trabalho, não existe salubridade, nem qualidade no ensino, quando um profissional é obrigado a atender mais de 45 alunos em uma turma, quando falta funcionários nas escolas e um mesmo trabalhador precisa assumir várias funções além das suas. Além de que é impossível se ter um bom planejamento pedagógico quando se tem grande parte de professores e funcionários contratados em regime temporário, Processo Seletivo Simplificado (PSS), sem contar que estes profissionais praticamente não possuem direitos trabalhistas.
Pautas relacionadas a estrutura física também levarão os educadores as ruas, atualmente temos escolas na rede estadual que possuem dificuldades de garantir materias como carteiras e cadeiras para todos os alunos, o serviço de documentação é feito a duras penas, a última compra de computadores feita através de políticas públicas do estado do Paraná foi feita em 2008, os alunos sofrem para realizar seus trabalhos e pesquisas em laboratórios sucateados, que sobrevivem a duras penas. Existem centenas de escolas no estado que não possuem prédio próprio, e funcionam em edificações alugadas ou cedidas, que na maioria das vezes não tem a estrutura nescessária para atender as atividades escolares. Falta ainda segurança nas escolas, as viaturas da patrulha escolar, que deveriam atender a comunidade escolar, estão em péssimas condições de uso, muitas vezes ocorrencias não são atendidas por falta de viatura, além do fato de muitas vezes dois ou trẽs políciais terem de atender mais de um município.
Por tanto, as questões que levaram a categoria a decidir por esta paralisação, vão muito além dos recentes ataques a gestão democrática e a própria integridade física dos educadores. Desde que assumiu o governo em 2011, Richa vem deflagrando frequentes ataques a educação pública do Paraná e aos educadores, seja no âmbito econômico, de condições de trabalho e ensino ou ainda no sucateamento da estrutura física.
A defesa da escola pública, gratuita e de qualidade, deve ser objetivo não só das organizações de trabalhadores mas de todos os movimentos sociais e populares, e da sociedade civil de uma maneira geral, portanto o fortalecimento das paralisações e mobilizações organizadas por sindicatos de educadores e pelo movimento estudantil devem sempre ser fortalecidas pelos demais setores da sociedade, sobre tudo em um momento que o governo se utiliza de todos seus instrumentos para colocar a opinião pública contra os educadores.
Por transtornos que uma paralisação de educadores em final de ano letivo possa trazer para os alunos, pais e toda comunidade escolar, é necessário deixar claro que este transtorno é insignificante frente aos transtornos causados pela má gestão e falta de comprometimento dos governantes com a educação pública, gratuita e de qualidade.

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