No
próximo dia 26 de novembro professores e funcionários da rede
estadual de educação paralisarão suas atividades e realizarão
atos em Curitiba e todo o estado. Neste dia deveriam ocorrer eleições
para a escolha de diretores nas mais de duas mil escolas do Paraná.
As
eleições foram sumariamente canceladas pelo governo do estado, sem
nenhum debate com a comunidade escolar, e nem na Assembleia
Legislativa (ALEP), onde a base aliada se valeu do artificio da
“comissão geral” para suprimir qualquer possibilidade de debate
e aprovar o cancelamento das eleições em tempo record.
Tivemos
ainda o lamentável caso, onde o presidente da ALEP Valdir Rossoni,
ordenou que os seguranças retirassem da casa professores e
funcionários que protestavam contra a aprovação do projeto, o que
gerou agressões dos seguranças a vários professores e
funcionários. Após o ocorrido Rossoni ainda afirmou que os
agressores não só não seriam investigados, como mereciam um
condecoração pelas agressões.
Todos
estes fatos recentes parecem trazer inumeras justificativas para a
paralização do próximo dia 26 de novembro, porém não são nem de
longe os únicos motivos que levarão milhares de trabalhadores da
educação a suspenderem suas atividades.
Os
educadores vão as ruas também, por pautas economicas, os milhares
de trabalhadores que deveriam ter recebido suas promoções e
progressões nos meses de agosto e outubro deste mês ainda não
receberam e o governo Richa alega que não há previsão para tal
pagamento. Apesar do que alega o governo, o Paraná não cumpre
integralmente a lei do Piso Nacional do Profissional do Magistério.
Os funcionários não tem ganhos reais em seus salários desde que
Richa assumiu o governo, sem contar que um funcionário recebe metade
do auxilio transporte de um professor.
As
condições de trabalho também levarão os educadores as ruas, os
profissionais da educação estão entre as categorias com maior
numero de afastamentos por problemas de saúde, e isso está
diretamente relacionados as condições de trabalho, não existe
salubridade, nem qualidade no ensino, quando um profissional é
obrigado a atender mais de 45 alunos em uma turma, quando falta
funcionários nas escolas e um mesmo trabalhador precisa assumir
várias funções além das suas. Além de que é impossível se ter
um bom planejamento pedagógico quando se tem grande parte de
professores e funcionários contratados em regime temporário,
Processo Seletivo Simplificado (PSS), sem contar que estes
profissionais praticamente não possuem direitos trabalhistas.
Pautas
relacionadas a estrutura física também levarão os educadores as
ruas, atualmente temos escolas na rede estadual que possuem
dificuldades de garantir materias como carteiras e cadeiras para
todos os alunos, o serviço de documentação é feito a duras penas,
a última compra de computadores feita através de políticas
públicas do estado do Paraná foi feita em 2008, os alunos sofrem
para realizar seus trabalhos e pesquisas em laboratórios sucateados,
que sobrevivem a duras penas. Existem centenas de escolas no estado
que não possuem prédio próprio, e funcionam em edificações
alugadas ou cedidas, que na maioria das vezes não tem a estrutura
nescessária para atender as atividades escolares. Falta ainda
segurança nas escolas, as viaturas da patrulha escolar, que deveriam
atender a comunidade escolar, estão em péssimas condições de uso,
muitas vezes ocorrencias não são atendidas por falta de viatura,
além do fato de muitas vezes dois ou trẽs políciais terem de
atender mais de um município.
Por
tanto, as questões que levaram a categoria a decidir por esta
paralisação, vão muito além dos recentes ataques a gestão
democrática e a própria integridade física dos educadores. Desde
que assumiu o governo em 2011, Richa vem deflagrando frequentes
ataques a educação pública do Paraná e aos educadores, seja no
âmbito econômico, de condições de trabalho e ensino ou ainda no
sucateamento da estrutura física.
A defesa
da escola pública, gratuita e de qualidade, deve ser objetivo não
só das organizações de trabalhadores mas de todos os movimentos
sociais e populares, e da sociedade civil de uma maneira geral,
portanto o fortalecimento das paralisações e mobilizações
organizadas por sindicatos de educadores e pelo movimento estudantil
devem sempre ser fortalecidas pelos demais setores da sociedade,
sobre tudo em um momento que o governo se utiliza de todos seus
instrumentos para colocar a opinião pública contra os educadores.
Por
transtornos que uma paralisação de educadores em final de ano
letivo possa trazer para os alunos, pais e toda comunidade escolar, é
necessário deixar claro que este transtorno é insignificante frente
aos transtornos causados pela má gestão e falta de comprometimento
dos governantes com a educação pública, gratuita e de qualidade.
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