quinta-feira, 13 de agosto de 2015

As lições que veem do Norte do Paraná!

Nas últimas semanas temos assistido uma verdadeira onda de protestos e mobilizações vindos do norte do Paraná e que começam a se repetir em várias regiões do estado. Em geral as mobilizações tem por centro a redução dos salários de vereadores, prefeitos e secretários.

O estopim se deu na cidade de Santo Antônio da Platina, quando apresentado um projeto de aumento dos salários dos políticos da cidade, um vereador debochou de uma cidadã que questionou o aumento dos vencimentos em tempos de crise econômica, o vereador afirmou que pra ele não tinha crise, e que não era meia dúzia de gato pingado que iam impedir a votação.

O vídeo com a fala do vereador viralizou nas redes sociais, os cidadãos se mobilizaram e na seção seguinte milhares de moradores tomaram a Câmara Municipal, e não só obrigaram os vereadores a não aprovarem o aumento, como a reduzir seus salários para R$970,00 a partir de 2017.
A vitória da população Platinense serviu de estimulo, e na semana seguinte foi a vez dos moradores da vizinha Jacarezinho tomarem as ruas pela redução dos salários dos vereadores, obrigando inclusive o presidente do legislativo municipal a sair de camburão, diante da estrondosa organização popular.
Após Santo Antônio da Platina e Jacarezinho, várias mobilizações começaram a ser chamadas pelas redes sociais, em vários municípios pela redução dos salários dos vereadores em todo o Paraná.
Mas a questão é qual a verdadeira lição que vitória do povo Platinense nos trás?
Lógico que reduzir os salários dos vereadores nos traz uma sensação quase de revanche, devido à indignação que temos pelo pouco que a maioria destes “representantes” do povo trabalham. Mas algumas considerações devem ser feitas quanto a esta redução, primeiro precisamos ter em mente, que em geral o salário é o menor dos privilégios que um vereador possuí. Alguém tem dúvida que a redução para R$970,00 ocorrida em Santo Antônio da Platina foi demagógica? Os vereadores aceitaram essa redução, pois boa parte deles não precisa do salário, tudo que eles mais querem é que discutamos salários e deixemos que intactos suas verbas de gabinete, contratação de funcionários, diárias para viagens e cursos, etc.
Em segundo lugar devemos ter um parâmetro para reivindicar a redução dos salários, uma briga pela redução dos salários dos políticos sem parâmetros definidos, abre margem para projetos demagógicos como o de R$970,00, que só servem para os vereadores se promoverem e na prática torna-se um empecilho para que se elejam legítimos representantes dos trabalhadores, pois quem terá condições de abrir mão de suas atividades e se dedicar verdadeiramente a um mandato a não ser empresários, empreiteiros, fazendeiros ou aqueles “patrocinados” por eles para defenderem seus interesses e não os dos trabalhadores?
O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudo Socioeconômicos (DIEESE), calcula que para se manter as necessidades básicas de uma família, como determina a constituição, o salário mínimo deveria ser de R$ 3.325,37 (Julho/2015)  , pode não ser o ideal mas é um parâmetro inicial para que a luta pela redução dos salários dos políticos não se torne plataforma para demagogia de oportunistas e nem se torne um empecilho para que legítimos representantes dos trabalhadores e da juventude possam se dedicar a um cargo público.
Porém, independente das contradições que a luta pela redução dos salários dos políticos possa ter, a grande e verdadeira lição que o povo Platinense nos trouxe é de que as verdadeiras transformações da nossa sociedade virão das ruas, pois quando os trabalhadores se organizam nem legislativo, nem executivo e nem judiciário podem conter a vontade dos trabalhadores.
Santo Antônio da Platina e Jacarezinho deram o primeiro passo, e mostraram o caminho da vitória dos trabalhadores, resta agora seguir o exemplo e aumentar a luta.
Sigamos as lições que veem do norte do Paraná e vamos para as ruas, ocupar as câmaras municipais, prefeituras e demais espaços públicos, avançando na organização das pautas para garantir os nossos direitos e acabar com os privilégios daqueles que ocupam cargos públicos para defender interesses privados.



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