Beto Richa infelizmente eu posso
afirmar que a sua declaração dada nesta terça-feira (07/07), registrada pelo
jornalista Chico Marés, e publicada pela Gazeta do Povo (http://goo.gl/Fd4m0q http://goo.gl/lU7p3b
), não surpreendeu nenhum cidadão paranaense que acompanhe minimamente a
conjuntura política do estado, e muito menos nós servidores públicos do estado.
Você todo pomposo e orgulhoso,
disse que foi o responsável pelo fim da greve por ter divulgado o salário dos professores,
e ainda foi além, disse que a culpa da qualidade da educação no Paraná ser tão
ruim é dos educadores, que só pensam em discutir salários, gratificações e
hora-atividade.
Devo confessar que no momento em
que li as suas declarações silenciosamente proferi alguns xingamentos, não pude
externar minha raiva, meu filho de 6 anos estava do meu lado, tenho que dar o
exemplo, ensino a ele somente palavras de ordem, “Fora Beto Richa!” é a
preferida dele, você precisa ver que graça.
Depois pensei em lhe responder, e
quebrar esses argumentos tão ralos, explicando a relação da hora-atividade e da
remuneração com a qualidade da educação, inclusive lhe indicar uns artigos acadêmicos
sobre o tema, e também a mostrar que entre as bandeiras que os trabalhadores em
educação levantam, muitas, e eu arrisco a dizer que é a maioria, não tem
ligação com a questão salarial.
Mas isso seria tolice minha você
não é mal informado, você sabe de tudo isso, você é mal intencionado, age de má
fé para confundir a opinião publica. Então resolvi que nosso “papo” deveria ser
sobre os verdadeiros responsáveis pela péssima qualidade da educação em nosso
estado.
Sou Agente Educacional II, funcionário
administrativo, de um colégio em Pontal do Paraná, primeiro gostaria de falar da
invisibilidade que existe sobre os funcionários, toda vez que você fala do
salário dos professores, das condições dos professores, da greve dos
professores, você está ignorando mais de 30 mil trabalhadores e trabalhadores,
que são tão responsáveis pela educação quanto os professores, nós somos responsáveis
pela parte documental, pela parte de infraestrutura, pela merenda, pela
segurança dos alunos, sem nós Betinho, a escola não funciona, e não tem como
falar em valorizar a educação, fingindo que parte dos educadores não existe.
No colégio que eu trabalho, não
possui prédio próprio, funciona em prédio particular alugado, não vou nem
entrar no mérito de discutir o contrato, neste prédio não tem a menor condição
de funcionar uma escola, se fosse um colégio particular não teria conseguido
nenhuma liberação.
Nosso colégio, possuí uma entrada
apenas, tomara que nunca precisemos de uma rota de fuga, aqui biblioteca e
laboratório de informática funcionam na mesma sala, também pra que ambiente
adequado a maioria dos equipamentos nem ligam mais.
Aposto, que alguém do seu “garbo”
era um excelente nas quadras dos colégios em que estudou levando seu atual
apreço pelos esportes, mesmo que tenha problemas com seus companheiros de
equipe né?
Por aqui, Richa, não existe
quadra na escola, os professores de educação física que trabalham comigo são
heróis que improvisam atividades e inventam modalidades para conseguir
trabalhar alguns conceitos com seus alunos, alternando entre o pequeno pátio da
escola, de areia coberto pedra “brita” (ideal para esporte não é?) e as ruas
próximas à escola.
Toda vez que te vejo todo soberbo
em divulgando jantares e recepções oficias, onde se come e se bebe do bom e do
melhor, nas mais macias cadeiras, lembro-me dos alunos aqui do colégio que
comem todos os dias de prato na mão, torcendo para não chover, porque aqui o
lanche é no pátio, e não tem área coberta pra ninguém se esconder da chuva.
Aí Beto, você diz que a culpa
pela qualidade da educação é minha? Em uma escola como essa só fazendo milagre
todos os dias para conseguir atender os alunos com um mínimo de dignidade, e
você assim como eu sabe que o caso da escola que trabalho não é uma exceção, só
aqui na região posso apontar ao menos umas dez escolas em situação parecida.
Eu sei que sinceramente você não
acredita no que fala, que tudo faz parte da sua estratégia política, que pouco
se importa com a educação pública, afinal para ser eleito você precisa agradar
os barões da educação que financiam sua campanha, assim como banqueiros e
multinacionais, e que em momento de crise você precisa tirar dos trabalhadores
para garantir o lucro daqueles que te financiam. Mas dessa vez escolheu a categoria
errada!
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